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Tradição e inovação marcam a trajetória da família Trentin em Pinhalzinho
A Epagri segue junto com seus produtores
25/11/2025 | Assessoria de comunicação - Epagri
Reprodução - Epagri
A história do Moinho Trentin, localizado na linha Tiradentes, interior de Pinhalzinho, começou a ser escrita quase ao acaso mas, ao longo do tempo, se transformou em uma trajetória de sucesso construída com apoio da Epagri. O objetivo de Armelindo era comprar um descascador de arroz, para incluir novos produtos na feira livre do município. No entanto, depois de adquirir o descascador, muitas pessoas o incentivaram a comprar também o moinho de pedra, para produção de farinha de milho, que estava desativada. Hesitante, diante do grande volume de trabalho que dividia com a esposa, Marta, achou a ideia “um pouco louca”.
Entretanto, depois de muito refletir, percebeu que aquela poderia ser uma boa oportunidade para diversificar a renda e não depender do bom desempenho de apenas uma das atividades. “No começo a gente sofreu muito. Nós começamos a produzir farinha com o milho que era plantado aqui na propriedade, mas a produção dependia muito da safra. Tinha anos que colhíamos bem, em outros, o clima não ajudava. Além disso, não tínhamos estrutura de armazenamento para garantir a qualidade do grão e, por isso, a farinha não podia ser vendida nos mercados”, relembra.
Tudo mudou quando eles decidiram substituir o milho plantado por eles pelo grão canjicado, livre de transgênicos, distribuído pela Milhão Ingredients, empresa de Goianira, Goiás. Os grãos que vêm de longe garantiram mais renda e estabilidade para a família. Armelindo recorda que, quando contou que seu objetivo era produzir farinha com milho livre de transgênicos, ouviu de um conhecido: “você vai passar fome”. Hoje, superados os temores do passado, a família viu a demanda aumentar. Eles investiram na mecanização dos processos de produção e embalagem, por meio de projetos desenvolvidos com o apoio da Epagri, que possibilitaram o acesso a recursos oriundos de políticas públicas. “Nossa capacidade produtiva cresceu muito, chegamos a produzir mais de uma tonelada de farinha por dia”, revela o filho de Armelindo, Ricardo Trentin, responsável pelo moinho atualmente.
Da suinocultura para as panelas
Pautados pelo senso de oportunidade e transformação, a família Trentin sempre buscou formas de diversificar a renda e a produção. Como a área da propriedade não favorecia o cultivo de grãos em larga escala, eles se dedicaram a outras atividades, entre elas, a suinocultura, a piscicultura, a agroindústria de mandioca e o cultivo de alimentos para autoconsumo. Em determinado momento, porém, foi necessário repensar os rumos da propriedade. “Era muita coisa. Eu tive um problema de saúde, operei o tendão do braço e, com isso, não pude mais me dedicar a certas atividades”, relembra Armelindo.
Com mais de 400 porcos na engorda, em um sistema manual, eles optaram por encerrar o trabalho com os animais. No entanto, Armelindo foi novamente incentivado por vizinhos e, especialmente pelo filho, Renato Trentin, o “Barba Ruiva”, conhecido por preparar churrascos para celebridades em diferentes partes do Brasil, a seguir um novo rumo. Desse modo, ele optou por investir também no turismo rural. Foi assim, que o antigo chiqueiro da propriedade foi completamente reformado e transformado para abrigar o Varanda Trentin, espaço para eventos e restaurante.

O local, que abre de quinta a sábado à noite e aos domingos ao meio-dia, tem capacidade para receber cerca de 500 pessoas. No cardápio, se destacam os pratos tradicionais da culinária italiana, como tortéi, lasanha, macarrão e, claro, a polenta, preparada com a farinha de milho produzida no moinho. Além disso, o restaurante também oferece porções e churrasco. Armelindo confessa que a nova atividade é um desafio, “mas está sendo muito bom. Vieram pessoas de diversos lugares, inclusive, um grupo da Itália. Recebemos muitos elogios pelo espaço, que não lembra em nada um chiqueiro”, brinca.
Durante o processo de reforma surgiu a ideia de montar um pequeno museu dedicado à história da família, do cultivo e do beneficiamento do milho em Pinhalzinho. O Galpão do Milho transporta os visitantes ao passado através de fotos, relatos e objetos que reconstroem memórias e dão visibilidade à saberes tradicionais ligados ao cultivo do grão. “Esse espaço conta a história da família, uma história enraizada na produção de milho. A ideia é mostrar para as pessoas, como era o processo do plantio até o beneficiamento do milho crioulo antigamente”, diz Armelindo. O projeto, desenvolvido pela Catavento Projetos e Consultorias, e viabilizado com recursos da lei Aldir Blanc de fomento à cultura, mergulha nas memórias de moradores da região para ressaltar a importância do cultivo do milho para o município.

A extensionista social da Epagri em Pinhalzinho, Salete Benvenutti Morello, observa que o turismo rural tem crescido na região. Esse movimento se deve, principalmente, à busca pela diversificação das atividades pelos agricultores, aliada ao interesse das pessoas em conhecer lugares diferentes. Ela explica que muitos jovens não desejam dar continuidade ao trabalho tradicional realizado pela família, como o plantio e a criação de animais. Assim, com o envelhecimento dos pais ou avós, as propriedades rurais deixavam de ser produtivas. No entanto, eles têm enxergado o turismo rural como uma alternativa para seguir no campo, conciliando trabalho e qualidade de vida. O desenvolvimento do turismo em Pinhalzinho é visível, por exemplo, no número de cabanas disponíveis para aluguel na cidade. “Até o começo de 2024 nós não tínhamos nenhuma cabana, hoje são 16”, afirma Salete.
Movido pelo desejo de transformar e inovar, Armelindo garante que aos 65 anos, nunca deixou de se aperfeiçoar. Ele é um dos quatro pinhalenses que participaram, este ano, do curso para empreendedores em turismo rural, ofertado pela Epagri em São Joaquim. O agricultor reforça a importância dessa parceria: “Quando eu vejo um carro da Epagri no meu pátio, eu fico muito feliz. Admiro muito o trabalho realizado pela instituição com as orientações técnicas, visitas, capacitações e o auxílio nos projetos e financiamentos que permitem o desenvolvimento da agricultura familiar”, finaliza.
Por: Karin Helena Antunes de Moraes, jornalista bolsista Epagri/Fapesc
Informações para a imprensa
Isabela Schwengber, assessora de Comunicação da Epagri
(48) 3665-5407 / 99161-6596




