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Conservação do solo é sinônimo de conservação da vida!
Ações da CATI-SP incentivam os agricultores paulistas na adoção de práticas integradas com acesso às políticas públicas e ao crédito rural
16/04/2024 | Assessoria de Comunicação: Cati/SP
Foto: Cati-SP
Durante milhões de anos, o solo foi sendo formado por meio de um processo de desgaste natural das rochas − por meio da ação do sol, da chuva, dos ventos e de micro-organismos − que resultou em uma porção de material mineral que, aos poucos, começou a gerar vida. No solo existem poros, por onde a água e o ar penetram, levando alimentos para toda a vida que fica nele. Com isso, percebe-se que o solo não é um ambiente inerte, mas sim vivo, e responsável como um dos constituintes das principais matérias-primas para a continuidade da existência da vida, especialmente nas condições tropicais. Portanto, conservar o solo é perpetuar a vida!
Entre os principais problemas ambientais da atualidade, a degradação do solo, aliada à dos recursos hídricos, constitui-se em uma das principais causas de desastres naturais e, consequentemente, de pobreza, fome, miséria e morte. A erosão vai se expressando inicialmente de forma quase imperceptível, por intermédio da erosão laminar, que vai evoluindo e evidencia seu potencial destrutivo, com o decorrer do tempo, na forma de sulcos e voçorocas, que, como “chagas”, “rasgam” a paisagem. Dentre os principais agentes causadores da degradação do solo, estão o pastejo excessivo, descuido das práticas de conservação do solo e desmatamento sem critérios, cujos problemas derivados desse processo atingem diretamente os agricultores pela redução do potencial produtivo do solo agrícola.
“Atualmente, a sociedade como um todo − tanto nos núcleos rurais como principalmente nos urbanos − vem sentindo os efeitos do manejo inadequado dos solos, que causa erosão, com o consequente arraste dos insumos aplicados e das camadas mais férteis do solo para os corpos d’água, provocando, além do assoreamento e da poluição destes, a redução da qualidade da água; a diminuição na recarga dos lençóis freáticos, com consequente redução da vazão; diminuição da capacidade de armazenamento das represas pela redução do seu volume operacional, com encurtamento da vida útil das hidrelétricas; degradação dos vales e das matas ciliares; e a consequente redução da biodiversidade dos ecossistemas”, avalia Antoniane Arantes, engenheiro agrícola que coordena o Grupo Técnico (GT) de Conservação do Solo e Água da CATI.
Diante desse contexto, Ricardo Domingos Luiz Pereira, coordenador da CATI, informa que para mudar este cenário, em São Paulo, estão sendo realizadas ações governamentais públicas e em parcerias público-privadas, bem como executadas políticas públicas, com acesso ao crédito rural, em projetos de subvenção econômica. Além disso, a divulgação de tecnologia para a adoção de práticas conservacionistas de maneira integrada tem sido intensamente recomendada e incentivada pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento, de forma conjunta entre a extensão rural, a pesquisa e a Defesa Agropecuária.
“Trabalhar com conservação do solo e da água está no DNA da CATI desde a sua criação, quando agregou em sua estrutura departamentos e centros da Secretaria de Agricultura, que já consolidavam a base conservacionista em São Paulo. Nos últimos anos, temos intensificado as ações de cunho técnico, alinhadas com a execução de políticas públicas, concretizadas em programas, projetos e apoio, para que os produtores possam acessar linhas de crédito rural e projetos de subvenção econômica para recuperação de áreas degradadas e conservação de Reserva Legal e Áreas de Preservação Permanente, por exemplo. Dois grandes exemplos são o Projeto Feap – Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) e o Programa Solo Mais Fértil, os quais têm sido executados pela nossa equipe que, junto com parceiros e produtores, não tem medido esforços para que a conservação do solo em São Paulo avance cada vez mais”, explica o coordenador da CATI, destacando alguns números que colocam São Paulo na vanguarda de ações conservacionistas. “Somente no Feap – PSA estamos com R$ 5,8 milhões executados em projetos em diversas regiões paulistas; R$ 5 milhões em execução; e o Governo de São Paulo anunciará, em breve, mais R$ 5 milhões para novos projetos”.
Projeto executado pela CATI Regional Guaratinguetá
Sobre a conservação do solo e as ações da CATI
A conservação do solo consiste em dar o uso e manejo adequados às suas características químicas, físicas e biológicas, visando à manutenção do equilíbrio ou recuperação de sua capacidade produtiva. Por isso, por meio de práticas conservacionistas, é possível manter sua fertilidade, evitando problemas comuns, como a erosão e a compactação.
Nesse contexto, Antoniane Arantes ressalta que, para que o solo seja utilizado adequadamente, é imprescindível que seja feito um planejamento correto, a partir de uma análise criteriosa do local onde serão instaladas as atividades agropecuárias, visando à utilização racional do solo, ao uso consciente da água e à maior conservação dos recursos naturais.
Arantes destaca, ainda, que conservar o solo e a água depende de Boas Práticas Agropecuárias bem implantadas, porém conciliadas com um correto planejamento da propriedade, o qual deve ter por base o acompanhamento do clima, tanto em nível de propriedade como nos âmbitos estadual e nacional. “Para isso, o Estado de São Paulo, por meio de uma equipe multidisciplinar de técnicos da Secretaria de Agricultura e Abastecimento e parceiros, publica constantemente boletins agrometeorológicos, possibilitando o acompanhamento de dados climáticos de mais de 250 estações meteorológicas espalhadas pelo território paulista, que permitem o acompanhamento de elementos do clima como chuva, vento, temperatura, irradiação, umidade e outros, com dados atualizados a cada 20 minutos”.
Berço d’água retendo água da chuva em projeto Feap –PSA em Itobi
Projeto Feap – Pagamento por Serviços Ambientais (PSA)
O Pagamento por Serviços Ambientais é uma forma de reconhecer e remunerar pelos benefícios que as áreas naturais e os ecossistemas proporcionam à sociedade.
O Projeto Feap –PSA é uma linha de apoio econômico do Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista (Feap), vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, operacionalizada pela CATI, que realiza a subvenção de até 90% do valor investido pelo produtor rural em práticas que visem à preservação e recuperação dos solos e recursos hídricos no ambiente rural. “Este é um projeto alinhado com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU) e coloca São Paulo na vanguarda da conservação ambiental com produção agropecuária”, avalia Antoniane Arantes.
O Feap – PSA é divido em dois subprojetos: o Feap PSA – Berços d'Água e o Projeto Feap PSA – Águas Rurais. Ambos têm diversas práticas elegíveis como correção física dos sulcos profundos e/ou frequentes e voçorocas existentes; construção dos berços d’água; correção química do solo (calagem, gessagem e fosfatagem); aquisição de sementes e mudas para a revegetação da área; recomposição da vegetação da Área de Preservação Permanente (APP); construção de cochos, bebedouros e do sistema hidráulico para a dessedentação animal; construção de sistema de tratamento de esgoto doméstico e/ou da produção pecuária; dentre outras.
O produtor rural pode ser beneficiado com até R$ 25 mil em subvenção, em cada subprojeto, de acordo com projeto técnico que é realizado por técnicos da CATI, da Casa da Agricultura ou CATI Regional do município.
Imagens de projetos Feap PSA –- Berços d'Água
Exemplo de sucesso do Feap PSA –- Berços d'Água
Denilson Perpétuo Godoy, que integra a Unidade Técnica de Engenharia (UTE) da CATI Regional General Salgado, e Marcelo Onoe, diretor da CATI Regional General Salgado, região com destaque em ações de recuperação de voçorocas, avaliam que o Projeto PSA – Berços d’Água, como linha de financiamento via Feap, é uma oportunidade para os produtores, principalmente os pequenos. “Grande parte dos agricultores de nossa região – que sofre muito com solos arenosos e o alto grau de erosão – está descapitalizada. Sendo assim, temos investido na divulgação do Projeto, para que o maior número possível de produtores possa ter o aporte de recursos necessários para conciliar o aumento da produtividade de suas propriedades com a proteção do solo e correta condução da água, atuando como agentes locais de desenvolvimento sustentável, pensando na manutenção do espaço rural em condições adequadas às futuras gerações”.
Um desses projetos mudou a vida e atividade agropecuária do produtor Eduardo Luiz Marques, do sítio São José, localizado em General Salgado, onde o valor total investido foi de R$ 28 mil, do qual foi reembolsado em R$ 25 mil. “Na minha área de pastagem tinha uma enorme erosão, e eu tive muita perda de gado. A situação ficou muito difícil e eu já não sabia mais o que fazer para continuar na atividade; por isso, procurei a Casa da Agricultura para me orientar. E fiquei muito feliz, pois, além de acompanhamento técnico, fui direcionado para este Projeto que me proporcionou recurso financeiro para controlar a erosão e recuperar a pastagem, o que seria impossível fazer sozinho. Só tenho a agradecer os técnicos da CATI, que realizam esse trabalho tão importante nas Casas da Agricultura, para que nós, pequenos produtores, possamos continuar produzindo alimentos e também contribuindo para conservar o meio ambiente. Por isso, eu falo para todos os produtores que ainda não conhecem esse Projeto, que procurem a Casa da Agricultura, pois erosão é um problema de todo mundo”.
Programa Solo + Fértil
Este Programa, fruto de parceria entre a CATI, a pesquisa – por meio do Instituto Agrônomico (IAC) – e a iniciativa privada, visa aumentar a fertilidade dos solos paulistas, promovendo a inclusão dos pequenos e médios produtores à moderna agricultura brasileira.
Entre as suas principais metas estão: promover a adoção da análise de solo, calagem e adubação mineral em todas as unidades de produção agropecuária; sensibilizar todos os agricultores da importância da análise de solo, calagem e adubação, na formação do perfil do solo; elevar a produtividade de pequenos e médios produtores, com o uso da adubação e calagem tecnicamente embasadas; e elevar a produção agrícola do Estado de São Paulo em, no mínimo, 20% durante o período.