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Curso de empreendedorismo feminino promovido pela Epagri tem participação recorde em Rio do Sul


Este ano, na região de Rio do Sul, o projeto teve uma relevância ainda maior por causa do número recorde de participantes


09/09/2025 | Assessoria de Comunicação - Epagri


Foto - Reprodução Epagri


A cada ano que passa, o curso Flor-E-Ser da Epagri tem se consolidado como propulsor da agricultura e agroindústria familiar em Santa Catarina, graças ao projeto que alia empreendedorismo, tradição e gestão, com foco no empoderamento e protagonismo feminino. Este ano, na região de Rio do Sul, o projeto teve uma relevância ainda maior por causa do número recorde de participantes, quase o dobro do ano anterior, comprovando o potencial da região para todo tipo de empreendimento rural, da panificação ao gado leiteiro, do artesanato ao turismo rural e à produção orgânica.


Receberam o certificado de conclusão do curso, no último dia 2 de setembro, no Centro de Treinamento da Epagri de Agronômica (Cetrag), 50 agricultoras dos municípios de Witmarsum, Dona Emma, Vitor Meireles, Lontras, Rio do Oeste, Alfredo Wagner e Petrolândia. “Em 2024, o primeiro ano do curso, tivemos 27 participantes, este ano foram tantas interessadas que tivemos que dividir em dois grupos: ‘Mulheres Guerreiras’ e ‘Vale Norte’”, conta a líder do projeto e extensionista social, Leonir Claudino Lanznaster.   


Prestigiaram a cerimônia o diretor de Cooperativismo e Desenvolvimento Rural da Secretaria Estadual da Agricultura e Pecuária, Léo Teobaldo Kroth, o prefeito de Vitor Meirelles, Marcelo Darolt, e os secretários de Agricultura de Petrolândia, Diogo Klauberg, de Dona Emma, Nilo Graupner, e de Witmarsum, Sirlei Stetter. Representando as participantes na mesa das autoridades estavam Denice Evanete de Castro de Oliveira e Bruna Erhardt Habitzreuter; e representando a Epagri, o gerente regional, Almir Krûger. 


Inovações tecnológicas sustentáveis e profissionalização na produção de panificados 

Uma das participantes é Edilaine Boing Vendrami, 38, que cria gado leiteiro e de corte em Vitor Meireles. Seu plano de negócio é instalar energia elétrica no sítio para economizar na conta de luz e investir na compra de novilhos, entre outras melhorias. Ela conta que quando se casou, há 18 anos, o casal trabalhava com fumo e produzia leite num rancho velho. Aos poucos, foram melhorando a propriedade, construíram uma sala de ordenha, um novo silo e investiram na genética dos animais. Hoje, o sítio tem 33 vacas, 15 novilhos e 65 bois. 


“Eu acordo às 5h e trabalho até às 17h tratando os animais, para depois fazer a ordenha. Não tem descanso nem férias, por isso relutei em ir ao curso, mas foi uma experiência única. A gente da roça vive só no nosso mundinho. Foi muito bom conhecer outras produtoras e perceber que o marido consegue se virar sem mim”, destaca. 


Edilaine quer implementar energia solar em seu sítio para economizar e investir na compra de novilhos

Ao contrário de Edilaine, que sempre trabalhou no campo, Diandra Kempner, 36, saiu de Petrolândia para estudar Administração em Rio do Sul e só retornou ao município natal há cinco anos, para dar mais qualidade de vida aos filhos e também ajudar os pais idosos. Na transição do urbano para o rural, ela percebeu que o sítio tinha potencial para gerar renda para além da roça de aipim e criação de novilhas e começou a colocar a mão na massa, produzindo pães de milho e cucas com receitas da avó e agregando novos sabores como doce de leite e nata com coco. Para escoar a produção, feita no forno à lenha, ela criou um grupo de whatsapp e participa das feiras do município.


“Acho que nosso maior diferencial é o frescor do produto. Eu e minha mãe fazemos duas fornadas pela manhã e já vendo à tarde. Nosso pão também leva cará e batata doce aqui do sítio e não tem glúten, a aceitação tem sido muito boa”, conta. No plano de negócio de Diandra está a reforma da e ampliação da unidade produção de panificados e, futuramente, investir no turismo rural, após concluir o curso de Agronomia.


Marisete começou vendendo doces e salgados e agora sonha em abrir um café colonial

Empreender não é exatamente novidade na vida de Marisete Ferreira da Silva Cani, 46, de Rio do Oeste. Ela já vive da venda de doces há 14 anos, quando passou por dificuldades financeiras devido a enchentes frequentes que arrasavam a safra, e sua cunhada a incentivou a produzir biscoitos. Só que ela nunca tinha feito doce pra fora. Antes da lida na roça, Marisete trabalhava como costureira em malharia, mas aceitou o desafio. 


A lembrancinha do curso da Epagri tem a assinatura da multitalentosa Marisete

“Eu testava muita receita e jogava fora quando ficava duro. Se desse pra comer, dava para a família, até que acertei a receita de biscoito de nata com coco feito com polvilho, que desmancha na boca. Hoje faço uns 20 sabores, de fubá, com goiabada, biscoito de Natal, beijo baiano, ferradura, o último que aprendi foi os doces decorados, que levei para o Cetrag como lembrancinha do curso Flor e Ser”, conta.


Outro salto na produção de doces aconteceu quando passou a fornecer biscoitos para a merenda escolar municipal. E, no ano passado, surgiu uma encomenda que foi a salvação da lavoura, já que todos os pedidos foram cancelados por causa da enchente de 2023, época em que a família viveu à base de arroz, feijão e ovo. “Como faço parte da cooperativa de agricultores familiares do Alto Vale, o governo do Estado encomendou 20 toneladas e parte das bolachas veio da minha produção”, revela.


E não é só isso. Marisete também faz bolos, sobremesas e docinhos de festa, fornece doces e salgados para eventos e dá aula de culinária para crianças. E só conta com uma ajudante duas vezes por semana. “Eu fiquei tão feliz quando montei minha primeira mesa de café colonial! Descobri que amo fazer doces e conversar com as pessoas, e o curso da Epagri foi a peça que faltava para unir o que amo fazer com a vontade de reformar os galpões que herdamos de meu sogro e transformar num café colonial e casa de eventos”.


Marisete faz uns 20 sabores de biscoitos para comercializar

O estalo aconteceu quando Marisete assistiu aos casos de sucesso de produtoras no 3º Encontro de Turismo da Agricultura Familiar (Etraf), que aconteceu em 29 de maio no Cetrag. Ela já estava fazendo o Flor-E-Ser, mas ainda não sabia qual seria o seu plano de negócio. “Como sempre fiz tudo sozinha, nunca anotei nada, não fazia planejamento, as coisas foram acontecendo. O Flor-E-Ser foi o primeiro curso que fiz na vida e lá eu descobri como é importante anotar tudo, fazer orçamentos e ter novas ideias conhecendo as trajetórias de outras produtoras para melhorar ainda mais o meu negócio”, conclui.


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