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Epagri coloca os queijos artesanais catarinenses na vitrine
A Epagri trabalha para valorizar e divulgar a qualidade dos queijos artesanais catarinenses
28/05/2025 | Assessoria de Comunicação - Epagri
Foto - Reprodução Epagri
Enxergar cada propriedade rural de Santa Catarina como um tesouro que guarda história, identidade e alimentos com sabores únicos. É com essa visão que a Epagri trabalha junto aos produtores de queijos artesanais: garimpando relíquias que, com qualificação e legalização, podem se tornar produtos premiados, valorizados e com grande potencial de crescer no mercado.
Esse esforço já garantiu a legalização de três queijos artesanais no Estado: o Queijo Artesanal Serrano, com Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade (RTIQ) e Indicação Geográfica (IG); o Kochkäse, queijo cozido da região de Blumenau, também com RTIQ; e o Queijo Diamante, legalizado no município de Major Gercino e com selo Arte. Estes dois últimos também estão no caminho para obter a Indicação Geográfica.

A IG é um instrumento capaz de transformar produtos singulares e intimamente ligados a uma região em uma espécie de marca, que confere exclusividade, valor agregado e visibilidade. A certificação, concedida pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), atesta que o produto tem características únicas, proporcionadas pelas condições de clima, relevo e pelo “saber-fazer” local. “A IG protege o uso do signo apenas entre aqueles que produzem na região geográfica delimitada e que seguem os padrões de qualidade definidos nas normas regulatórias do produto”, explica Telma Tatiana Köene, coordenadora Estadual do Programa Gestão de Negócios e Mercados da Epagri.
É esse o caminho que vem sendo construído pelos produtores do Queijo Artesanal Serrano desde a concessão da IG Campos de Cima da Serra – Denominação de Origem. Essa IG foi conquistada por Santa Catarina em 2020, graças a um trabalho conduzido pela Epagri e uma rede de instituições. Ela abrange 18 municípios catarinenses e 16 do Rio Grande do Sul, beneficiando mais de 2 mil produtores.

O Selo Arte, criado em 2020 para reconhecer os produtos como artesanais, também vem contribuindo para valorizar os queijos catarinenses. Ele é concedido pela Cidasc e viabiliza a comercialização de produtos artesanais do Estado em todo o País, desde que sejam submetidos ao serviço de inspeção oficial (municipal, estadual ou federal). A Epagri ajuda os produtores a conseguir o Selo Arte. Já são 82 queijos catarinenses identificados dessa forma.
Tradição com inovação
A trajetória das famílias rurais até alcançar o reconhecimento de seus produtos começa dentro da propriedade. Em cada região do Estado, os produtores recebem orientação técnica dos extensionistas da Epagri e conhecem o caminho para melhorar o processo produtivo. Em 2024, a Epagri atendeu 1,7 mil famílias em produção de queijo. Nas capacitações, os participantes aprendem a inovar sem perder a identidade dos produtos – apenas no ano passado, foram 2,1 mil pessoas capacitadas.
A Epagri também apoia todo o processo de implantação e legalização dos empreendimentos. A Empresa dá suporte desde o ponto zero, quando a família não tem ideia de que produto fabricar, passa pela profissionalização e legalização daqueles que já têm um negócio, e vai até as empresas que estão consolidadas e querem ganhar mercado, fazendo contato com compradores via feiras e rodadas de negócios. As equipes da Epagri ainda elaboram projetos para que as famílias tenham acesso a políticas públicas para investir em seus negócios.

Premiar e aprimorar
Em 2023, a Epagri realizou, em Lages, o primeiro Concurso Estadual de Queijos Artesanais – uma iniciativa que beneficiou todos os participantes, premiados ou não, e atraiu holofotes para a qualidade dos produtos catarinenses. “Os produtores que recebem medalha ganham visibilidade, atraem consumidores e estimulam o turismo rural na região. Os que não recebem premiação têm oportunidade de qualificar a produção, pois recebem orientações da banca sobre os critérios avaliados, com recomendações dos pontos a melhorar”, explica Telma.
O concurso contou com 138 queijos avaliados: 26 medalhas de bronze, 28 de prata e 14 de ouro. Na segunda edição, realizada em 2024 em Rio do Sul, foram avaliados 172 queijos – 51 receberam medalha de bronze, 32 de prata e 27 de ouro.

Outros dois eventos foram realizados em 2024, junto à segunda edição do concurso: o I Simpósio Catarinense de Queijos Artesanais e a I Feira Catarinense de Queijos Artesanais. O simpósio deu visibilidade às pesquisas científicas na área, além de estimular a difusão de conhecimento para fortalecer essa cadeia produtiva. A feira aproximou os consumidores da qualidade dos queijos artesanais catarinenses.
Queijo na vitrine
Essas ações mostram que colocar os produtos catarinenses na vitrine pode mudar os rumos de um negócio. Em 2023, José Carlos Semprebom, de Nova Veneza, viu a demanda crescer depois que seu queijo colonial maturado recebeu a Medalha Super Ouro no Concurso Estadual de Queijos Artesanais.
Na queijaria Semprebom, esse alimento faz parte da história da família. “A propriedade onde vivemos foi dos meus avós, que vieram da Itália. Vivo aqui desde criança – aos sete anos de idade, já ajudava minha mãe a tirar leite e fazer queijo”, lembra José Carlos. A criação da queijaria, inaugurada em 2022, foi um resgate dessa história.

A Epagri participou de todas as etapas desse empreendimento, incluindo a capacitação da família, o planejamento da atividade, o apoio com as receitas, a legalização do negócio e o acesso a recursos de políticas públicas. “A Epagri foi fundamental para o nosso crescimento, oferecendo cursos, viagens técnicas para conhecer outras propriedades e o apoio na criação da queijaria. Parei de estudar cedo, então a vida foi ensinando, e a Epagri ensinou mais, sempre junto da gente”, diz o produtor.

Hoje, a família fabrica mil quilos de queijo por mês com leite produzido na propriedade e vende por meio da cooperativa Coofanove. São cinco tipos de queijos, e todos eles receberam o Selo Arte no início deste ano – assim que os novos rótulos chegarem, a família vai iniciar as estratégias de comercialização Brasil afora. A propriedade também é um destino de turismo rural. Os visitantes vêm de longe para comprar e degustar os produtos Semprebom.
Matéria-prima de qualidade
A produção de leite é outra atividade em que a família se destaca. Eles produzem de 800 a mil litros por dia no sistema à base de pasto orientado pela Epagri e são referência no uso de homeopatia no rebanho. “A homeopatia é utilizada desde 2011 para o equilíbrio da saúde dos animais, com excelentes resultados e economia para o produtor”, destaca o médico-veterinário Marcelo Pedroso, da Epagri.
O empreendimento é resultado do esforço de duas famílias: a de José Carlos e a do irmão Daniel Semprebom. São, ao todo, sete pessoas que cuidam das lavouras, da produção de leite, do laticínio e das atividades de turismo rural. Para José Carlos, unir história, tradição e inovação é a melhor receita para o sucesso. “Hoje temos nossos filhos que estão aqui na propriedade, participando do negócio, e temos uma história para contar”, orgulha-se.
Conheça outras histórias de sucesso no Balanço Social da Epagri.
Por Cinthia Andruchak Freitas – jornalista Epagri